A gestora americana Centerbridge Partners fechou um acordo para investimentos no mercado brasileiro com a Vectis. Trata-se de uma parceria estratégica, com uma possibilidade de evoluir para participação societária.
Criada em 2005, a Centerbridge tem uma atuação semelhante ao perfil da Vectis, com investimentos em participações, crédito, operações estruturadas e mercado imobiliário. A americana tem atualmente US$ 28 bilhões em ativos sob gestão. “Já tínhamos feito um investimento conjunto, o que nos aproximou”, diz Paulo Lemann, sócio da Vectis que tocou as negociações para essa aliança.
Em 2017, a Centerbridge foi uma das investidoras em uma operação de crédito estruturada pela Vectis no segmento de energia renovável. As conversas para uma parceria mais extensa e de longo prazo em investimentos no país começaram no fim do ano e foram fechadas logo após as eleições presidenciais no Brasil. “Mas os prazos não estão relacionados, foram questões de contrato e definições de parâmetros, e não de período eleitoral. O tipo de ativo que buscamos independe de cenário, com ou sem volatilidade, com economia mais lenta ou acelerada”, afirma Lemann.
A Vectis tem duas frentes de atuação: compra de participações societárias e originação e investimento em crédito corporativo. A Centerbridge pode entrar como investidora nos dois modelos, inclusive em ativos que a Vectis identificar que sejam interessantes no mercado brasileiro, mas que decida não fazer aporte com recurso próprio.
A gestora brasileira já levantou aproximadamente R$ 1,1 bilhão para suas duas modalidades de investimento. No modelo da Vectis, o capital só é levantado quando um ativo alvo é identificado – diferentemente da prática mais comum dos fundos de participação, em que a gestora primeira capta recursos e então identifica oportunidades de aquisição. Por isso, não há um volume de recursos previamente estabelecido pela Centerbridge para o Brasil.
“Pelo nosso modelo de negócio, a parceria estratégica nos dá uma vantagem em relação à agilidade para levantar capital, quando encontramos um ativo”, diz Alexandre Aoude, também sócio da Vectis. “Outro ponto é que abre oportunidade para a gente olhar operações de tamanhos maiores, que talvez não estivessem no radar”, complementa. Com a Centerbridge, os tíquetes de investimento devem ficar em torno de US$ 80 milhões a US$ 300 milhões.
Segundo Aoude, ainda não há uma mudança na demanda por crédito das empresas após as eleições. As companhias continuam buscando recursos muito mais para reperfilamento de dívidas e reestruturações, e pouco para financiamento para investimentos.
Entre os setores que a gestora tem olhado de perto está infraestrutura. No ano passado, a Vectis chegou a levantar recursos para participar de leilões de energia, mas a disputa por ativos fez com que as taxas de retorno caíssem, e a companhia decidiu sair da jogada. Esse tipo de aporte, no entanto, continua no radar.
Vectis e Centerbridge vão investir juntas. Em participações, a Vectis é acionista da catarinense Neoway, plataforma de fornecimento e análise de bancos de dados; da Avenue Securities, corretora americana voltada para clientes na América Latina; e da Fiduc, empresa de planejamento financeiro e serviços fiduciários.
Fonte: Maria Luíza Filgueiras. Valor Econômico
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