Tudo que a Charles Schwab faz é acompanhado de perto pelas plataformas de investimento.
Agora, a inventora do modelo de corretagem barata e dos ‘supermercados financeiros’ nos Estados Unidos está investindo numa nova ideia: planejamento financeiro digital, com assessoria personalizada e… uma assinatura mensal.
O serviço, chamado Schwab Intelligent Portfolios Premium, custará apenas US$ 30 por mês, mais uma taxa de inscrição de US$ 300.
A aposta da mãe de todas as XPs é que o modelo de assinaturas, já popularizado em serviços como Netflix e Spotify, vai gerar um maior engajamento dos usuários — ajudando a aumentar a penetração dos serviços digitais de assessoria, que ainda representam uma lasquinha dos negócios.
“Essas mudanças são resultado do feedback dos nossos clientes”, Cynthia Loh, vice-presidente da Schwab, disse num comunicado.
“A cobrança por assinatura é mais instintiva para muitas pessoas que pagam outros serviços dessa forma, como os streamings de mídia e academias. Achamos que nossos clientes deveriam ter a oportunidade de pagar desse jeito também o planejamento financeiro.”.
A Schwab já tem um serviço de planejamento financeiro digital gratuito, baseado em robo-advisors [algoritmos] para quem tem mais de US$ 5 mil investidos. Com base nos objetivos e perfil de cada cliente, o serviço monta e rebalanceia um portfólio de 53 ETFs da própria Schwab ou de terceiros.
Um outro modelo, voltado para quem tem mais de US$ 25 mil investidos, dá acesso também a um planejador financeiro certificado personalizado, o qual o cliente pode acessar sem limites via telefone ou videoconferência. Mas o modelo de cobrança era mais tradicional: 0,28% do patrimônio do cliente — menos que a taxa de 1% que os planejadores tradicionais, full-service, costumam cobrar. É a cobrança desse serviço que está sendo repaginada.
Hoje, dos quase 12 milhões de clientes da Schwab, a vasta maioria usa a empresa apenas como corretora. Apenas 300 mil usam o serviço de planejamento financeiro digital — incluindo o plano gratuito. Dos US$ 3,5 trilhões que a Schwab tem sob gestão, “apenas” US$ 37 bilhões estão nessa área.
Além do acesso ilimitado aos assessores financeiros certificados da corretora, o plano oferece diversas ferramentas para o controle das finanças. A oferta continua sendo baseada em ETFs (de baixo custo).
A estratégia de ‘Schwab as a service’ ainda precisa se provar — mas com a capilaridade e a verba de marketing da empresa, tem potencial para fazer com que as pessoas pelo menos reavaliem como pensam o planejamento financeiro.
O planejamento financeiro é um mercado muito dinâmico nos Estados Unidos, onde já há uma indústria de profissionais bem desenvolvida para este tipo serviço. Segundo a Investment Adviser Association, são mais de 415 mil assessores de investimento certificados no país.
Já no Brasil, onde o mercado ainda engatinha, são menos de 4,8 mil. Por aqui, as grandes plataformas de investimento ainda estão um passo atrás, mais focadas na oferta de produtos do que no planejamento financeiro em si — ainda que boa parte delas ofereça acompanhamento mais personalizado de acordo com o patrimônio investido.
Algumas novas empresas, como a Fiduc, já nasceram focadas em planejamento.
Fonte: Natalia Viri e Pedro Arbex. Brazil Journal
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