No xadrez, a rainha é a peça com maior poder de proteção no jogo. Com espaço no tabuleiro, ela pode se movimentar em qualquer direção. Bem utilizada, pode garantir a vitória. No xadrez dos investimentos, a rainha é a previdência privada, considerada a melhor aplicação financeira para o longo prazo. Não há dúvidas sobre as vantagens de produtos como o Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) e o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL): benefícios tributários no Imposto de Renda (IR), portabilidade ilimitada de uma aplicação para outra, sem o come-cotas (cobrança semestral de IR) e solução alternativa para sucessão patrimonial, pois permite nomear os beneficiários e o resgate é liberado em até 30 dias após a morte do poupador. Além disso, no mercado brasileiro, grandes seguradoras do Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Safra e Santander, plataformas de investimento (BTG Pactual, XP) e gestoras desenvolveram produtos inovadores em diferentes categorias – renda fixa, multimercados e de ações – capazes de entregar resultados considerados sólidos para o longo prazo.
PERDAS A fragilidade da Rainha dos investimentos reside principalmente nos casos de necessidade de resgate antecipado. Segundo o planejador fiduciário da Fiduc Alexandre Santiago, VGBL e PGBL não foram desenhados para serem produtos de curto prazo. “Quando há saques podem ocorrer possíveis perdas com a marcação de mercado [atualização diária dos preços dos ativos] dos títulos na carteira”, afirmou. Além disso, a mordida do Leão (a cobrança do IR) pode chegar até 27,5% no VGBL e até 35% no PGBL.
“Na pandemia de Covid-19, muitos investidores tiveram que recorrer à previdência como reserva de emergência. Não é o ideal, não é um produto para essa finalidade. Mas passado a crise, a percepção de que o VGBL e o PGBL são para o longo prazo está melhorando”, disse Estevão Scripilliti, diretor da Bradesco Vida e Previdência.
NOVIDADES Para 2023, a novidade do Bradesco é a família de fundos de previdência Target Date (DataAlvo), que tem como principal característica o ajuste automático da carteira ao longo da fase de acumulação, sem necessidade de realocação de fundos, reduzindo a exposição ao risco e a taxa de administração à medida que se aproxima a data fixada para a conversão dos recursos em renda. Disponíveis nas modalidades PGBL e VGBL, os novos fundos oferecem quatro vencimentos programados: 2030, 2040, 2050 e 2060. Para cada data alvo, haverá uma combinação de, no máximo, dois produtos, que entregará a alocação para o período determinado. “É um versão modernizada em relação aos fundos Data-Alvo mais antigos, que sofriam com a percepção dos investidores da marcação a mercado”, disse.
No Itaú, o especialista líder em investimentos e alocação de ativos Martin Iglesias diz que o ambiente de juros altos no Brasil favorece a previdência renda fixa para os diferentes perfis de investidores. “Há estratégias para superar a inflação nas diversas modalidades”, afirmou. Na estratégia do Itaú, para o investidor conservador, a alocação em juros pós-fixados chega a 85%, 5% em inflação (Kinea Prev IPCA) e 10% em multimercados. Para o perfil moderado, 61% em pós-fixados, 10% em inflação (Kinea Prev IPCA e Itaú Flexprev Index Juros Reais B5+), 14 % em multimercados, 7% em ações e 8% em préfixafos. Para clientes arrojados, 26% em pós-fixados, 20% em previdência inflação, 14% em renda variável (Itaú Seleção Prev e Dunamis Prev), 15% em prefixados e 25% em multimercados. Por fim, na no perfil agressivo, a indicação é de 3% em pós-fixados, 21% em prefixados, 22% em inflação, 35% em multimercados e 19% em fundos de previdência ações.
FLEXIBILIDADE Na visão do head de Previdência do BTG Pactual, Gabriel Escabin, a portabilidade na previdência é a chave para que os investidores possam migrar com prudência os recursos de uma categoria para outra, a depender das mudanças de cenários econômicos. “Quanto mais jovem for o investidor, a depender de seu perfil, dá para assumir mais riscos”, afirmou. Já perto da aposentadoria, quando se está próximo de converter o plano em renda, o caminho natural é um fundo Previdência Tesouro Selic, de juros pós-fixados. Segundo Escabin, os clientes de mais alta renda alocam, em geral, cerca de 20% do patrimônio em previdência. “Quando a previdência é uma solução para o planejamento sucessório, a alocação fica entre 40% e 50% do patrimônio financeiro”, disse.
No BTG Pactual, além do Previdência Tesouro Selic, Escabin destacou mais duas estratégias na plataforma, o multifundos e um fundo com vencimento para 2035. “Há uma ampla oportunidade de se navegar no mar das NTN-Bs para 2035, acima de 6% ao ano”, afirmou.