Você já deve ter ouvido falar sobre “aquele” investimento que foi “o melhor” no ano passado ou nos últimos meses – aquele que está “na moda”.
Pode ser que um amigo tenha contado sobre como a rentabilidade do fundo ABCD foi incrível ou pode ser que você tenha recebido um e-mail de seu banco ou corretora informando sobre o desempenho (sempre incrível) de algum fundo. Outra opção são as matérias que saem na imprensa, informando sobre como algumas pessoas ganharam rios de dinheiro com um tipo de investimento que teve rendimentos enormes – se você lembrou de Bitcoins, a ideia é essa mesma.
É da natureza humana, explicada pelas finanças comportamentais, que isso nos traga uma vontade quase incontrolável de investir nesses veículos, afinal, muitas pessoas ganharam dinheiro com eles e nós não estamos entre elas, o que pode ser muito frustrante.
Mas será que fazer investimentos nos produtos que tiveram melhor performance nos últimos meses ou poucos anos é mesmo uma boa decisão?
Os estudos sobre isso indicam uma resposta clara: NÃO!
A famosa frase “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura”, presente de forma obrigatória em materiais relacionados à investimentos no Brasil e em muitos países, se mostra cada vez mais verdadeira.
De acordo com um estudo da Standard & Poor´s (o S&P Persistence Scorecard, do fim de 2017*), poucos fundos conseguem se manter no topo, de forma consistente. Em uma análise com 563 fundos americanos de ações que estavam no quartil de maior rendimento em setembro de 2015, apenas 6,4% se mantiveram nessa posição dois anos depois.
E esse quadro ainda piora: outro ponto destacado no estudo é que existe uma correlação forte que mostra que os fundos que tiveram as melhores performances passaram a ser os de piores performances. 23,45% dos fundos que estavam no melhor quartil foram para o pior quartil durante esse período. No entanto, o inverso não é verdadeiro. Assim, não pense que basta investir nos fundos de pior performance imaginando que eles serão os melhores depois de algum tempo.
Se os estudos são tão claros nessas demonstrações e fazem isso por tanto tempo (o consagrado livro de 1973 “A Random Walk Down Wall Street”, escrito pelo economista de Princeton Burton Gordon Malkiel já trata do assunto), então porque as pessoas continuam fazendo escolhas erradas e, mais do que isso, porque bancos e corretoras continuam fazendo propaganda nesse sentido?
Como vimos no início do artigo, os investidores possuem vieses comportamentais difíceis de superar e tomam decisões erradas com frequência. Já os profissionais podem ter outras motivações.
Do ponto de vista dos profissionais que assessoram os investidores distribuindo produtos, é muito mais fácil vender produtos que tiveram performances extraordinárias em um passado recente. A propaganda flui naturalmente e se transforma em algo que os clientes querem ouvir o que, portanto, aumenta as chances de vendas.