Muitos investidores querem saber diariamente (ou algo próximo a isso) a rentabilidade de seus investimentos. Analisam de perto a variação de seus ativos, sejam ações, produtos de renda fixa ou fundos de investimento, para saber se estão rendendo o que se espera deles.
Essa prática, por si só, já demonstra um comportamento no mínimo inadequado quanto à gestão dos investimentos, dado que oscilações irão ocorrer naturalmente ao longo do tempo e acompanhar essas oscilações “com uma lupa” só traz mais pressão sobre os vieses do comportamento, que geram más decisões de investimento, fazendo com que, em última instância, investidores comprem “na alta”, motivados pela ganância e pelo efeito manada e vendam “na baixa”, motivados pelo medo e também pelo mesmo famigerado efeito manada, perdendo assim valor do patrimônio ao longo do tempo.
Outro ponto é que não se pode avaliar se um investimento é adequado ou não observando performances em espaços de tempo tão curtos.
Por fim, o tempo investido nesse acompanhamento, que no caso citado não é pequeno, tem seu custo para o investidor, que poderia investi-lo na sua própria atividade profissional, gerando mais receitas ou mesmo (e ainda mais importante) avaliando suas decisões de vida, como suas escolhas de gastos por meio de seu orçamento familiar.
Desta forma, fica claro que o hábito de observar os retornos dos investimentos em prazos curtos não só não agrega nenhum valor, mas na verdade acaba custando caro e, portanto, é uma prática a ser evitada.
Isso não significa, de forma alguma, que os investimentos não devem ter acompanhamento, mas sim que isso não deve se tornar uma obsessão.
Sendo assim, como acompanhar e, além disso, como saber se as coisas estão indo bem?
A maneira mais correta de acompanhar os seus investimentos não é analisa-los um a um, mas sim ter uma visão de sua carteira completa. Isso fornece um olhar mais abrangente sobre sua estratégia e permite análises mais racionais e menos “apaixonadas”. Ao se observar individualmente os ativos, tem-se a tentação de avalia-los apenas pela rentabilidade passada, que é um erro clássico de investidores individuais, pois os faz novamente venderem na baixa, substituindo os de menor performance passada por ativos com boa performance nos últimos períodos, que é um indicativo de que podem estar caros (ou, na alta). Alguns ativos podem ter tido uma performance ruim e, mesmo assim fazerem sentido quando se compõem dentro de uma carteira bem elaborada por um profissional do setor. Se uma carteira tem todos os ativos com boa performance, provavelmente sua diversificação não foi bem-feita e a “aposta deu certo”, da mesma forma que poderia ter dado errado e aí todos teriam ido mal. No médio e longo prazo, algumas dessas “apostas” darão certo e outras não, o que nos leva a pensar que carteiras que levam esse fato em consideração, com ativos que se comportam de maneira diferente (simplificando o raciocínio: quando alguns vão bem outros não) tendem e obter melhores performances ao longo do tempo.
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Para concluir esse artigo, levanto o último tópico: Qual benchmark (ou termo de comparação) é o mais indicado para meus investimentos?
No mercado financeiro brasileiro, o benchmark mais utilizado é o CDI, que reflete aproximadamente a taxa de juros básica do mercado. Ele é utilizado como referência para a maior parte dos produtos de fundos de renda fixa e para os fundos multimercado. Já para os investimentos em renda variável, o mais comum é o Ibovespa. Existem outros, como o índice IMA, da ANBIMA, que mede a variação de diversos títulos públicos ou ainda o IBrX 100, índice das 100 ações mais negociadas, apenas para citar alguns.
Como mencionei, o ideal é a análise da carteira como um todo e não de investimentos individuais. Desta forma, o benchmark a ser utilizado para a carteira deveria ter relação com o objetivo de retorno dessa carteira, ou seja, o objetivo de retorno do investidor. Neste caso, muito mais relevante do que alcançar ou superar CDI, Ibovespa ou outros indicadores, o objetivo deveria levar em conta a inflação, esta sim, diretamente ligada à vida e ao dia a dia real do investidor. Ele deveria ajudar a responder quanta riqueza real foi gerada no período e adicionada ao patrimônio.
A análise dos investimentos individuais ou mesmo por classes de ativos, como renda fixa ou renda variável pode ser feita comparando-se com os benchmarks adequados (CDI ou Ibovespa, por exemplo), mas essa deveria ser uma análise secundária. A análise principal deveria focar sempre na carteira e como foi o desempenho dela com relação à inflação, ou ao seu índice oficial, o IPCA. O objetivo a ser acompanhado, de forma ideal, deveria ser, portanto, superar o IPCA no longo prazo, na medida definida quando da montagem da estratégia da carteira, levando-se em consideração os objetivos de vida do cliente, suas expectativas e seu perfil de risco como investidor.
Buscar rentabilidades consistentemente superiores a outros benchmarks ou buscar os investimentos com as melhores rentabilidades nos últimos meses ou anos, são comportamentos que tendem a levar o investidor a mudar freneticamente suas posições, aumentando os custos com impostos e o levando ao comportamento de manada, o que reduz assim sua rentabilidade ao longo do tempo.
Se, ao invés desse comportamento, o investidor buscar uma alocação feita por profissionais, que tenham conhecimento sobre o cliente, seu perfil e objetivos, que monitoram com prazos adequados, que tomam medidas corretivas com racionalidade deixando as “paixões” de lado e que utilizam o benchmark mais adequado para a vida do cliente (quase sempre o IPCA), melhores resultados serão alcançados no médio e longo prazo. Além disso, esse novo comportamento deverá garantir noites de sono mais tranquilas, evitando acompanhamentos muito próximos e levando o cliente para o que deveria ser seu verdadeiro foco: cuidar das coisas que controla, como seu orçamento e suas escolhas, deixando a gestão de investimentos com profissionais qualificados e nos quais confia.
Será que o investidor precisa mesmo ficar de olho nos sites e jornais para acompanhar de perto as variações do CDI e do IBOVESPA? Qual o real impacto que ele poderia exercer para muda-las? Agora, no controle de sua saúde financeira e no exercício de sua profissão (sua principal fonte de renda) ele tem total controle e é ali que deveria manter seu foco. Ele deveria também contar com o auxílio de especialistas que se dedicam exclusivamente a prestar serviços de gestão de patrimônio e planejamento financeiro pessoal e familiar, com uma visão completa sobre sua saúde financeira, riscos, proteções, expectativas e investimentos. Você conhece alguém que pode lhe auxiliar? Que tal marcar uma conversa? Posso indicar grandes profissionais se tiver interesse!