Seja sincero: ao escolher seus investimentos, decidindo sozinho ou contando com o gerente do banco ou assessor da corretora, quais são os pontos que você analisa? Vou dar um palpite: o foco é a rentabilidade passada. Acertei?
Em meus quase 15 anos trabalhando com finanças pessoais, consigo contar nos dedos as vezes nas quais a pergunta “Tem rendido bem?” não apareceu em uma conversa sobre investimentos.
É assim que praticamente todo mundo escolhe seus investimentos. É intuitivo e, até mesmo, natural querer investir no que rendeu bem, não é mesmo? Afinal, se você fosse contratar um técnico de futebol para o seu time, escolheria o que foi campeão no ano passado ou um que ficou pelo meio da tabela?
Isso ocorre, principalmente, por uma falha de percepção que todos temos e que as finanças comportamentais explicam, chamada heurística da representatividade. Em resumo, ela diz que temos na nossa cabeça que, se algo aconteceu de alguma forma, irá continuar acontecendo daquela forma. Ou seja, se “rendeu bem”, entendemos, inconscientemente, que continuará “rendendo bem”. Só que isso não é verdade.
É natural que os retornos dos investimentos oscilem, ou seja, tenham altas e baixas. Como olhamos a performance passada recente, tendemos a entrar no investimento quando ele está em alta, para logo mais à frente, quando ele estiver em baixa, decidirmos sair do investimento.
Assim, compramos caro e vendemos barato. Não parece uma boa estratégia para ter bons resultados, não é mesmo? Diversos estudos pelo mundo mostram claramente que os investidores, na média, têm um desempenho ruim muito por causa desse tipo escolha. A FGV tem um estudo que mostra que os investidores brasileiros na Bolsa de Valores perdem sistematicamente do índice Ibovespa e não é por pouco: são 8 pontos percentuais por ano. Estudos americanos como o da Morningstar e da CNBC mostram o mesmo.
Em especial, um estudo da gestora americana Fidelity indicou qual o perfil de seus clientes que tem o melhor desempenho, e a resposta, surpreendente para alguns, é que foram os investidores que esqueceram que tinham aqueles investimentos e, portanto, não ficavam buscando “o que rendeu mais”. O recado é claro: “perseguir performance” ou investir “no que rendeu bem” é a receita certa para tomar más decisões de investimento. Qual seria então uma boa receita para se investir melhor? Minha sugestão é que você siga esses oito passos:
- Tenha objetivos claros em mente: o dinheiro é sempre um meio, e nunca um fim.
- Escolha um fornecedor que seja competente e no qual você confie: valorize transparência na remuneração e alinhamento de interesses.
- Verifique seu perfil de investidor e o siga: é ele quem definirá os limites de oscilação de sua carteira e te deixará mais tranquilo no dia a dia.
- Monte uma carteira de investimentos diversificada: alocação por classes de ativos e diversificação são ferramentas poderosas.
- Tenha perspectivas de longo prazo: se mantenha na estratégia escolhida, sem mudar sua alocação por causa do medo ou da ganância.
- Faça rebalanceamentos periódicos: não é intuitivo porque deverá comprar os de pior desempenho, mas, acredite, funciona.
- Guarde um pouco mais de dinheiro todo mês: isso vale muito mais do que ter rendimentos maiores e, além disso, esse é o fator que você controla.
- Fuja dos investimentos “da moda”: não siga a manada!
Seguindo esses passos, os resultados ao longo do tempo compensarão. E muito! Boas escolhas!
Fonte: UOL